domingo, 13 de janeiro de 2008

n. y., n. y.

agora pouco, um amigo me contou sua percepção sobre uma performance num restaurante, em que usava headphones com indicações de como agir e como se dava o contato com seu companheiro, meu amigo "fazia" uma prostituta e o outro, um filósofo.
o interessante é que cada participante não sabia o que seria dito, o que iria fazer.
com suas palavras:

tem uma hora que eu (puta) recebo instruções para fechar os olhos e deitar a cabeça sobre a mesa (o bar lotado em volta) e há um breve relaxamento, e enfim eu imaginando uma montanha estico a mão com a palma pra cima, de repente de ohos fechados, sinto umas gotas d'água caindo sobre a palma da minha mão: o outro tá recebendo informações complementares, mas totalmente diferentes

gostaria de saber mais, mas fico imaginando a necessidade por outras formas de relação que buscamos, e essa performance toca num ponto comum ao les ephemères, do theâtre du soleil

seria bonito buscar o sentido dessa necessidade, vendo-a na performance de meu amigo,mas a mera descrição via msn já me coloca diante de uma outra maneira de ouvir falar, e tb de representar essa necessidade.

...

uma maneira que exclui o drama?
ou que abre-o, para outras estruturas e tramas?

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

o livro das revelações


o filme de Ana Kokkinos me chamou atenção sobre uma coisa

(quando o bailarino é amarrado no chão por mulheres que lembram freiras de uma ordem religiosa secreta, e que são interpretadas pelas mesma atrizes (supomos) que são integrantes da cia. de dança em que ele trabalha)

a dança como um lugar de beleza dos corpos, beleza renascentista, que se esgueira (viva, mas com o câncer da coreógrafa no filme) na dança-teatro que se maqueia de Pina Bausch ou de cirque du soleil, só declara a doença dos olhares voyeurísticos para os todos os virtuosismos na arte.

"Entre a filosofia e a psicanálise, o voyeurismo seria o gozo de ver como absoluto que nos leva a pensar o olho como órgão mais do que cognitivo...O olho ocupa o lugar do sexo, que ocupou o lugar de Deus, que ocupava o lugar do absoluto, esta necessidade humana entre a paranóia e a utopia." (Márcia Tiburi, O que o olho não vê, Cult 120)
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